A comunicação social portuguesa tem feito eco das múltiplas medidas que, um pouco por todo o pais, as autarquias locais vão desenvolvendo, visando atenuar a grave crise que bateu à porta dos portugueses. São variadas as medidas enérgicas, perante um cenário de emergência social!
A importância da ajuda da Câmara aos arouquenses, que se encontram, ou encontrarão, numa situação difícil do ponto de vista social e económico foi justamente colocado em tempo oportuno, pelo PSD, nos órgãos certos: Executivo e Assembleia Municipal aquando do processo de aprovação das Grandes Opções do Plano para os próximos quatro anos. Apesar desse exercício não foi possível que, quem governa a Câmara, revela-se sensibilidade e arrojo político para agir proactivamente perante as dificuldades e problemas da generalidade dos arouquenses – de várias idades e condições sociais. Pessoas que já estão a sentir, no âmbito individual e familiar, uma crescente insegurança e incerteza em relação ao seu futuro. Há sobretudo que pensar e em primeira instância, nos que não têm voz em lado nenhum, os velhos pobres e os novos pobres. E estes são cada vez mais!
Independentemente do quadro «cor-de-rosa», que alguns actores políticos nos querem fazer crer, as pequenas e médias empresas, que são a estrutura do nosso débil tecido económico-social, continuam a assistir à asfixia por parte do Estado e uma manifesta ausência de estratégia de apoio. O comércio idem.
Estranho no entanto é que, apesar de estarmos numa verdadeira encruzilhada, se veja de forma errada o Presidente da Câmara de Arouca a negar as evidências e inclusive a enobrecer-se pela baixa taxa de desemprego (3,4%), tendo como fonte o Jornal de Notícias. O último esforço em afirmar a inverdade ocorreu na entrevista à Rádio Regional, na passada semana.
Pior que não agir é mascarar os dados e «enterrar a cabeça na areia»!
Hoje, por Arouca, há empresas a fechar, tal como lojas comerciais. O número de desempregados, segundo o Instituto de Emprego e Formação Profissional era em Dezembro (os últimos dados conhecidos) de 578, sendo 196 homens e 382 mulheres. De referir que a população activa em 2001, aquando dos últimos censos era de 10891 pessoas. Isto sem considerar os arouquenses que tecnicamente não são contabilizados em termos estatísticos; indisponíveis, indivíduos em acções de formação…. No fundo uma taxa muito próxima da média nacional. Junte-se a este cenário o impressionante número de jovens que estão a emigrar para o estrangeiro e aqueles que, todos os dias, se deslocam para os concelhos vizinhos.
É pois tempo e lugar da acção política. De pensar primeiro nas pessoas. Estas primeiro que tudo o resto, numa lógica prioritária, humanista, séria e responsável, onde também as famílias estejam no núcleo centra das atenções políticas. E porque os problemas locais exigem soluções locais, espero que tal desiderato não seja esquecido nos projectos políticos que lá para Outubro serão sufragados pelos arouquenses. Sobretudo porque, por isso e com isso, estaremos sobre um novo paradigma, perante novos e renovados papéis subjacentes a um novo modelo de vida, onde a relação e a correlação de poderes tem que ser reassumida, com novos propósitos e novos desígnios.
Não tardaremos a conhecer as propostas. Os arouquenses vão ter oportunidade de ajuizar sobre elas, na certeza que há um modelo de desenvolvimento que nos foi dado ao longo dos últimos anos que fez a sua história, mas que não serve por clara inadequação e exigência de um novo tempo.
Nota: Crónica na edição doJornal Roda Viva de 19.2.2009

A máquina do alcatrão (da Câmara)... junto ao cemitério de Rossas